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QUANDO A MÃO DE DEUS DECIDE

Aos seis anos de idade o menino Xavier vivia no seu mundo idílico entre os folguedos da infância, respirando o ar fresco e perfumado que inundava o castelo vindo da serra do Leire. A harmonia do castelo recebeu um solavanco com a chegada dos mensageiros do rei avisando que Navarra deveria se proteger.

A primeira reserva a ser utilizada deveria ser os recursos de oratória do conselheiro e diplomata do rei D. João de Jasso, pai de Francisco Xavier, chefe do Castelo.  Ele iria intermediar as discussões com os reinos de Castela e Aragão, já que exercia a função de diplomata do reino. Esclarecemos que no fim do século XV os reinos de Castela e Aragão se fortaleceram e após conquistar o reino de Granada, consolidaram o seu poder em quase toda a península ibérica, restando apenas o reino de Navarra.  Tendo falhado todas as tentativas de João de Jasso, o rei de Navarra decidiu defender a honra e romper com Castela e Aragão. Luta inglória e difícil, era uma batalha Davi contra Golias[1]. Essa heroica decisão ficou marcada para sempre na mente do menino Francisco.

A partir de então ele passou a entender que os laços de honra podem ser tão fortes quanto os de sangue, pois sentia as ausências do pai que era a figura paterna no castelo.  Foi uma guerra impossível, afinal era Navarra contra todo o resto da Espanha. Em 1512 o segundo Conde de Alba atacou pesadamente o reino de Navarra, conquistando Pamplona três anos depois após pesadas baixas para ambos os lados; de lá sairia ferido Inácio de Loyola que o levaria à convalescência e conversão a Deus.  D. João de Jasso foi declarado inimigo de Castela e forçado a fugir. Aos oito anos Francisco venceu a si mesmo pois sacudido pela morte do pai em momento tão conturbado, presencia a insurreição dos irmãos em reconquistar Pamplona. Após a derrota eles e sua tropa se refugiam na França e são anistiados pela ação do tio Martin de Azpicueta, retornando para as terras de Navarra.

Em consequência da derrota, ocorre a derrubada parcial do castelo para tristeza de sua mãe. Sua infância vai sendo dizimada pelos acontecimentos e sua mãe tenta salvar seu filho dos horrores da guerra. Corria o ano de 1521 quando os irmãos novamente sentiram ter condições de promover um novo levante com apoio dos franceses. Muitas vezes a defesa da honra é alimentada pela teimosia. Os franceses se retiram, abandonando os valentes navarros que foram derrotados.  Foram quase três anos de duras batalhas, mas todos conseguiram anistia menos os irmãos Xavier que não receberam o perdão real.  O rei Carlos V convencido estava, se desse indulto aos irmãos permitiria que, futuramente, assistisse um novo levante. Entra em ação, novamente, Martin de Azpilcueta com sua influência junto aos governantes de Castela, obtendo a rendição final em 1524 e o retorno dos irmãos para Xavier. Voltou a tremular a bandeira da família no castelo semidestruído.

Seria necessário agora apoiar o filho estudioso nos estudos para sustentar a honra dos Xavier. A mãe não aceitou encaminhar o filho nas faculdades de inimigos do pai já falecido; com as opções Salamanca e Alcalá descartadas, restava Paris.  A mão de Deus se fez presente junto a Francisco Xavier.  Conheceu e conviveu com Inácio de Loyola na faculdade, cujo convívio reverteu a realidade dos fatos mais significativos de sua vida, resultando em dois futuros santos da Igreja que se multiplicaram em muitos outros pela Índia, Japão e todo o Oriente e, depois, por todos os continentes onde i combater a reforma no continente europeu.

Colaboração: Ubirajara de Carvalho (Membro do Apostolado da Oração)

[1] 1 Sm 17,38-51

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