O MILAGRE DA REPOSIÇÃO MATERIAL
A bordo do São Miguel o santo padre viajando do Japão para Malaca dialoga com o negociante Pedro Velho. Ele sabia que Pedro Velho possuía uma fortuna respeitável e, muitas vezes, havia recorrido ao amigo quando necessitava socorrer alguém que ele próprio não pudesse fazê-lo.
– Senhor Pedro, eu procurava-vos para vos pedir dinheiro.
– Empregais bem o vosso tempo, padre Francisco!
– Tenho uma pobre órfã para casar e careço de um pequeno dote.
– Contudo, santo padre, vós não tereis nada do que lá está.
Sabendo da verdade Xavier retruca.
– Isto é verdade, caro Pedro?
Ide lá tirar tudo que quiserdes, com a condição de não tocareis no que lá está!
O santo padre levou a chave e foi abrir a caixa de Pedro que continha quarenta e cinco escudos de ouro. Alguns dias depois, Pedro Velho inspeciona sua caixa e encontra o valor intacto de quarenta e cinco mil escudos. Penalizado, sai à procura do santo padre.
– Como meu santo padre, vós não tomastes a brincadeira que vos fiz ultimamente de casar a órfã que me recomendastes?
– Sim, tomei o suficiente, qual seja, trezentos escudos de ouro que serão bem contados um dia, porque estão bem empregados.
– Não tomastes nada meu padre e me sinto mortificado…
– Meu padre, eu acabo de fazer as minhas contas. A minha caixa encerrava quarenta e cinco mil escudos de ouro quando vos dei a chave. E estão ainda lá. Deus vos perdoe por isso, padre Francisco pois eu esperava que tirásseis ao menos a metade.
Só então Francisco Xavier tomou conhecimento do milagre[1] que ignorava.
Colaboração: Ubirajara de Carvalho (Membro do Apostolado da Oração)
[1] O milagre da reposição material.