Imaculada Conceição de Maria
O dogma da Imaculada Conceição foi formulado numa visão de teologia da Graça e de pecado original, conforme fundamentos bíblicos, na Bula Ineffabilis Deus, que definiu o Dogma em 8.12.1954.
Não há um texto bíblico que afirme claramente a Imaculada Conceição, mas encontramos horizonte de compreensão. No AT, podemos destacar Gn 3,15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a descendência dela: esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”, não é um texto mariano, mas, anúncio esperançoso a toda humanidade. Afirmado, até por São Paulo: “Onde, porém, se multiplicou o pecado, a graça transbordou” (Rm 5,20).
No caso do NT é dado especial realce à saudação do anjo (Lc 1,28: “cheia de graça”) e ao Hino de Isabel (Lc 1,42: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre”). Maria apareceu-lhes como segunda Eva, saída ilibada das mãos de Deus; até a considerarem superior a Eva, já que a Virgem “aumentou continuamente o dom recebido na sua origem e, bem longe de prestar ouvidos à serpente, com o auxílio divino dominou completamente a sua violência e o seu poder”.
Maria é Imaculada, cheia de Graça, pois toda iniciativa vem de Deus, que age gratuitamente por amor e não pelos méritos humanos. Mas, a graça só se torna efetiva, mediante a resposta do ser humano, em acolher a proposta divina. Há um diálogo, se a resposta humana, não for um “sim”, a graça não se consuma.
Quanto mais o ser humano se deixa iluminar por Deus, mas é livre para resistir ao assédio do mal e aderir ao bem. Imaculada significa inteireza, liberdade profunda em Deus, bem mais que o livre-arbítrio para fazer escolhas. Essa liberdade é ao mesmo tempo: dom e conquista. Podemos experimentar processo de mudança, de conversão. Não do mal para o bem, mas do bem para um bem maior. Ser um ser humano integrado que cresce na fé, na esperança, no amor, sem amarras.
Se na primeira etapa de sua vida, Maria desempenha o papel de mãe e educadora de Jesus (Lc 1,31), na segunda etapa, ela se torna sua discípula (Lc 11,27-28). E na terceira, após a morte e ressurreição de Jesus, assume a missão de membro (At 1,14) e mãe da comunidade cristã (Jo 19,26-27).
Olhemos firmes para a imagem da Imaculada, não para ser nosso ponto de partida, mas de chegada. Pois o Deus que cria do nada, também nos recria do caos e das trevas.
Fonte: Dicionário de Mariologia, verbete: Imaculada, Aristide Serra, osm. Paulus,1995 e Maria, toda de Deus e tão humana, compêndio de Mariologia, Afonso Murad. Ed. Paulinas, Ed Santuário, 2015.