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FÉ ATÉ NA PENÚRIA

Corria o ano de 1889 quando o Marechal Deodoro da Fonseca suportado pelo Quintino de Bocaiuva e Benjamim Constant, sem consultar o ministério da Marinha, declararam um governo provisório e derrubaram a Monarquia. Naquela época as comunicações eram deficientes e não foi possível alertar D. Pedro II. Preparado para reinar desde a tenra idade era extremamente culto e moderado. Deodoro era um abolicionista, mas fora desterrado para Mato Grosso por causa dos conflitos com o Paraguai e a Bolívia. Foi a morte de seu irmão recém escolhido Barão de Alagoas que acelerou os acontecimentos. Deodoro não fazia segredo:

– Foi a morte da única pessoa que poderia me conter!

Os militares não aceitavam um terceiro reinado com Isabel e Gastão. Naquela época o preconceito contra as mulheres era notório.  Elas deveriam ser esposa, excelente mãe e dona de casa. Todas elas viviam impregnadas de teologia e espiritualidade.  As rainhas que governavam na Europa não serviam de exemplo. Um terceiro reinado comandado por uma mulher casada com um estrangeiro, nem pensar. Era o sonho de Gastão (Conde d’Eu) fluindo pelos dedos em ver sua esposa no trono e seu filho como herdeiro. Os monarquistas louvavam o grande feito defendido no Senado por Patrocínio que a chamou de Redentora. Ela foi arrancada de suas raízes e seu marido de seus bens. Os republicanos acusavam ela de ter destruído a lavoura com uma atitude impensada. Ao serem exilados para a Europa, Gastão escreveu para seu pai relatando sua penúria e ter de viver com a mesada de seu pai, correspondente a 8 mil francos.  A princesa foi enfática, nós não fazemos questão de dinheiro, o que me custa é deixar a pátria onde fui criada. Era voz corrente na corte:

“O sacrifício da lavoura bem podia ser recompensado pelo sacrifício do trono.”

Não se pode esquecer que toda a Corte era católica praticante e ela abriu mão de suas joias em prol da causa abolicionista.  Para a oposição, a libertação foi fruto da luta desesperada dos cativos; outros mencionavam que a abolição foi resultado do esforço da nação e da pressão do Senado, tendo à frente Joaquim Nabuco.

Expulsos, embarcaram no navio Alagoas; D. Pedro e a família imperial   sabiam que não existiria mais o Terceiro Reinado.  Na vida real, Isabel foi a mulher que não queria ser imperatriz. Ela não foi exceção, naquela época o importante era ser filha obediente, esposa dedicada e mãe exemplar. Os governos de rainhas europeias não serviam de exemplo para nós. Na Europa passaram por momentos difíceis de adaptação e embora vivendo em mansões, sobreviviam com doações de terceiros, já que a república bloqueou seus bens. Enquanto o imperador D. Pedro II preparado para governar desde a tenra idade, decidiu mudar-se para um hotel mais modesto, corria o ano de 1889 e já adoentado, seu médico recomendou caminhadas e dieta.  Sofrendo de diabetes, seu estado de saúde foi piorando e acabou adquirindo uma pneumonia vindo a falecer em dezembro de 1891. Não aceitou a insistência de sua filha de transferir-se para residência de seu genro e morreu no quarto do hotel.

Em 1905 o casal já no final da vida, comprou o castelo d’Eu na Normandia.  Esse castelo foi comprado pela Duquesa de Montpensier em 1660 e sofreu dois incêndios, sendo o primeiro em 1475 e a seguir em 1902 No início da década de 1900 foi a época da debandada para o campo. A compra foi muito oportuna por causa do incêndio que destruiu a parte sul do castelo em 1902. Católicos convictos, não havia dinheiro para reconstruí-lo e Gastão, a pedido da princesa, resolveu reconstruir apenas a capela e mudar-se para o castelo no estado em que se encontrava. Com móveis emprestados para lá foram. Em 1940 os Orleans e Bragança venderam o castelo para Assis Chateaubriand com a finalidade de criar a Fundação D. Pedro II. Infelizmente, a falência de Chateaubriand pôs tudo a perder.  Felizmente, as autoridades locais assumiram o imóvel, ele foi recuperado e reaberto em 1973 com seu acervo de peças pertencentes à família imperial.

Colaboração: Ubirajara de Carvalho (Membro do Apostolado da Oração)

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