Efeitos da Mediação
Maria tornou-se não só a “mãe-nutriz” do Filho do homem, mas também a “cooperadora generosa, de modo absolutamente singular”, do Messias e Redentor. (Lumen gentium,62). Não só Mãe no nascimento, mas Mãe peregrina, que caminha junto, com generosidade, educando e aprendendo. Ela – como já foi dito – avançava na peregrinação da fé e, nessa sua peregrinação até aos pés da Cruz, foi-se realizando, ao mesmo tempo, com as suas ações e os seus sofrimentos, a sua cooperação materna e esponsal em toda a missão do Salvador. Uma via-crucix bem vivida, experimentada junto ao Salvador, onde escuta e medita em seu coração, trazendo a todos nós, esperança da Boa notícia.
Ao longo do caminho de tal colaboração com a obra do Filho-Redentor, a própria maternidade de Maria veio a conhecer uma transformação singular, sendo cada vez mais cumulada de “caridade ardente” para com todos aqueles a quem se destinava a missão de Cristo. A Mãe peregrina, caminha junto, sofre junto. Mas, algo já lhe tocara o coração, pois outrora lhe falara o profeta Simeão. Por isto, no caminho, se transforma em mãe do puro amor.
Mediante essa “caridade ardente”, visando cooperar, em união com Cristo, na restauração “da vida sobrenatural nas almas”, (Lumen gentium,61) Maria entrava de modo absolutamente pessoal na única mediação “entre Deus e os homens”, que é a mediação do homem Cristo Jesus. De tanto se doar e abraçar a proposta do Reino trazida pelo Filho, Maria, para nós é medianeira de todas as graças, a quem devemos imitar sempre com gestos de caridade.
Se ela mesma foi quem primeiro experimentou em si os efeitos sobrenaturais desta mediação única – já quando da Anunciação ela tinha sido saudada como “cheia de graça” – então tem de se dizer que, em virtude desta plenitude da graça e de vida sobrenatural, ela estava particularmente predisposta para a “cooperação” com Cristo, único mediador da salvação humana. A experiência da união Mãe e Filho; todo sofrimento experimentado na subida ao calvário, abre seu coração a um entendimento que diante dos poderosos daquele tempo, nada poderia fazer. Mais algo maior irá acontecer, pois a Páscoa completará os benefícios de tamanha entrega.
E tal cooperação é precisamente esta mediação subordinada à mediação de Cristo. Rogamos a Maria que nos leva ao Cristo. Observando o peregrinar de Maria aumentamos em nós a fé, pois no Filho devemos confiar, aumentamos em nós a esperança na certeza de nossa salvação e aumentamos em nós a caridade de servir ao irmão, talvez precisemos deste entendimento precioso que nos leve a unidade.
Referência: Carta Encíclica Redemptoris Mater nº 39. São João Paulo II, 1987.