Aqueles que vivem intensamente
Desde a Idade Antiga existiram homens que sem perder sua nacionalidade, se transformaram em cidadãos do mundo. São aqueles iluminados que, face seus trabalhos, passaram a ser referência para muitos. Estão em todas as áreas da atividade humana, sejam eles na religião, na música, na literatura, na medicina e nas artes.
Menosprezado pelos pais que não aceitavam sua tendência artística e queriam vê-lo graduado em engenharia, explorou todas as atividades lícitas e ilícitas, terminando preso no DOI-CODI, chocando os pais ao abraçar seitas demoníacas sem se encontrar. Jubilado no Colégio Santo Inácio, voltou às origens em 1982 e decidiu percorrer o Caminho de Santiago em busca de inspiração. Percorrido o Caminho em razão do êxito do Diário de um Mago, a afluência de peregrinos aumentou de quatrocentos por ano para quatrocentos por dia. Gostava de escrever e foi letrista de 47 canções na parceria de 6 anos com Raul Seixas. Sistemático, não abria e não abre envelopes e pacotes (tem sido muitos ao longo dos anos) sem antes realizar uma mentalização para garantir boas vibrações. Proprietário de apartamentos no Rio, Paris e mansão em Dubai, optou por adquirir um modesto moinho reformado no meio da roça na cidadezinha de Saint Martin interior da França para lá morar.
Contextualizando, vamos nos concentrar naquele que, humildemente, buscou a religião para se salvar e pedir ajuda, digamos uma grande ajuda em se tratando do inquieto Paulo Coelho. Em 1982, iniciado o regresso ao catolicismo, Paulo na companhia de sua esposa Christina Oiticica, encontra-se em Praga, na República Tcheca e adentra-se na Igreja de N. S. das Vitórias, ajoelha perante o Menino Jesus de Praga e pede:
– Quero ser um escritor lido e respeitado no mundo inteiro.
Na ocasião ele ficou compungido com a imagem do Menino Deus cujo manto comido por traças cobria o seu corpo. Esta imagem foi doada pela princesa Poliana Lobkowitz em 1620 e prometeu:
– Regressarei tão logo tenha o meu pedido atendido para trazer-lhe um manto de veludo vermelho, bordado com fios de ouro para cobri-lo com dignidade.
Já consagrado, cumpriu sua promessa 25 anos depois, entregando o manto ao Menino Jesus de Praga, contando com a ajuda de sua sogra Paula Oiticica que consumiu semanas bordando os fios de ouro no manto de veludo.
Seu sonho começou a realizar em 1987 aos quarenta e quatro anos quando publicou o O Diário de um Mago e, a seguir, O Alquimista. Vinte e cinco anos depois do lançamento de seu primeiro livro, ele passou a ser o único autor traduzido em mais línguas do que Wiliam Shakespeare. Hoje, Paulo tem em seu currículo cerca de 300 milhões de livros vendidos. Condecorado com a Ordem do Rio Branco e da Légion d’Honner da França é membro da Academia Brasileira de Letras, lido e respeitado no mundo inteiro, requisitado por príncipes, xeiques, rainhas e presidentes, sendo convidado permanente do Fórum Econômico Mundial em Davos.
Como não existe unanimidade e toda a unanimidade é burra, segundo Nelson Rodrigues, ele não é bem aceito no Brasil, mas respeitado no exterior. Os que o criticam não levam em conta sua obra. O Menino Jesus perdoou sua vida pregressa e o agraciou.
Quem sou eu para julgar meu semelhante?
Colaboração: Ubirajara de Carvalho (Membro do Apostolado da Oração)